terça-feira, 18 de dezembro de 2012

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

CartaCapital: O que é liberdade de expressão?
Frank La Rue: É um direito universal, um direito de todos, e não apenas das grandes corporações de mídia. Liberdade de expressão não é só o direito de liberdade de imprensa. É um direito de a sociedade estar bem informada, é uma questão de Justiça e cidadania vinculada diretamente ao princípio da diversidade de meios. Por isso, o monopólio de comunicação é contra, justamente, a liberdade de expressão e o exercício pleno da cidadania.

sábado, 22 de setembro de 2012

SUBJETIVIDADES MUTILADAS

"A visão simplória e simplista da educação obscurece a tragédia cultural que ronda o Terceiro Milênio. A especialização e a 'tecnificação' crescentes despejam no mercado, aqui e no mundo, um exército de subjetividades mutiladas, qualificadas sim, mas incapazes de compreender o mundo em que vivem. Os argumentos da razão técnica dissimulam a pauperização das mentalidades e o massacre da capacidade crítica." (Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, Carta Capital, 29/08/2012)

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A RAIZ DO ESVAZIAMENTO DA DEMOCRACIA AMERICANA

"Neste país [EUA] há apenas um partido: o Partido da Propriedade - e ele tem duas alas direitistas: a Republicana e a Democrata. Republicanos são um pouco mais rigidamente estúpidos, mais doutrinários em seu capitalismo laissez-faire do que os Democratas. Estes são mais amigáveis, um pouco mais corruptos - até recentemente - e mais dispostos a fazer pequenos ajustes quando os pobres, negros e anti-imperialistas saem do controle. Mas, essencialmente, não há diferenças entre os dois partidos". (Gore Vidal apud Vladimir Safatle, Carta Capital, 08 de agosto de 2012)

terça-feira, 10 de julho de 2012

SOCIALISMO POR ANTONIO CANDIDO

Brasil de Fato – O senhor é socialista?
Antonio Candido – Ah, claro, inteiramente. Aliás, eu acho que o socialismo é uma doutrina totalmente triunfante no mundo. E não é paradoxo. O que é o socialismo? É o irmão-gêmeo do capitalismo, nasceram juntos, na revolução industrial. É indescritível o que era a indústria no começo. Os operários ingleses dormiam debaixo da máquina e eram acordados de madrugada com o chicote do contramestre. Isso era a indústria. Aí começou a aparecer o socialismo. Chamo de socialismo todas as tendências que dizem que o homem tem que caminhar para a igualdade e ele é o criador de riquezas e não pode ser explorado. Comunismo, socialismo democrático, anarquismo, solidarismo, cristianismo social, cooperativismo… tudo isso. Esse pessoal começou a lutar, para o operário não ser mais chicoteado, depois para não trabalhar mais que doze horas, depois para não trabalhar mais que dez, oito; para a mulher grávida não ter que trabalhar, para os trabalhadores terem férias, para ter escola para as crianças. Coisas que hoje são banais. Conversando com um antigo aluno meu, que é um rapaz rico, industrial, ele disse: “o senhor não pode negar que o capitalismo tem uma face humana”. O capitalismo não tem face humana nenhuma. O capitalismo é baseado na mais-valia e no exército de reserva, como Marx definiu. É preciso ter sempre miseráveis para tirar o excesso que o capital precisar. E a mais-valia não tem limite. Marx diz na “Ideologia Alemã”: as necessidades humanas são cumulativas e irreversíveis. Quando você anda descalço, você anda descalço. Quando você descobre a sandália, não quer mais andar descalço. Quando descobre o sapato, não quer mais a sandália. Quando descobre a meia, quer sapato com meia e por aí não tem mais fim. E o capitalismo está baseado nisso. O que se pensa que é face humana do capitalismo é o que o socialismo arrancou dele com suor, lágrimas e sangue. Hoje é normal o operário trabalhar oito horas, ter férias… tudo é conquista do socialismo. O socialismo só não deu certo na Rússia.
Brasil de Fato – Por quê?
Antonio Candido – Virou capitalismo. A revolução russa serviu para formar o capitalismo. O socialismo deu certo onde não foi ao poder. O socialismo hoje está infiltrado em todo lugar.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A CLASSE MÉDIA SOFRE

"Não se sabe quando teve início nem quando se banalizou. Mas o processo de idiotização da classe trabalhadora está de tal maneira incorporado nas ruas das nossas cidades que, de vez em quando, alguém precisa falar sobre o assunto e lembrar que a coisa está feia. No cinema, as duas principais tragicomédias que conheço sobre a crise – não só da economia, mas de ideias para se encarar a crise – são “O Grande Chefe”, de Lars Von Trier, e “A Era da Inocência”, de Denys Arcand. Dois filmaços sobre como fingir estar tudo certo mesmo quando tudo desmorona, é um prato cheio para quem já se tocou que, diferentemente dos guias de auto-ajuda, ninguém vai mudar nada no mundo pensando positivo, criando métodos de motivação ou repetindo mantras sobre como podemos ser felizes trabalhando cada vez mais por menos. Ou disfarçando nossa vida de vassalo, de quem come lama e agradece, buscando distração com as viagens no fim de ano." (Matheus Pichonelli, Carta Capital, 26/10/2011)

domingo, 24 de junho de 2012

O FLUXO DO CAPITAL

"O capital é o sangue que flui através do corpo político de todas as sociedades que chamamos de capitalistas, espalhando-se, às vezes como um filete e outras vezes como uma inundação, em cada canto e recanto do mundo habitado. É graças a esse fluxo que nós, que vivemos no capitalismo, adquirimos nosso pão de cada dia, assim como nossas casas, carros, telefones celulares, camisas, sapatos e todos os outros bens necessários para garantir nossa vida no dia a dia. A riqueza a partir da qual muitos dos serviços que nos apoiam, entretêm, educam, ressuscitam ou purificam são fornecidos é criada por meio desses fluxos. Ao tributar esse fluxo os Estados aumentaram seu poder, sua força militar e sua capacidade de assegurar um padrão de vida adequado a seus cidadãos. Se interrompemos, retardamos ou, pior, suspendemos o fluxo, deparamo-nos com uma crise do capitalismo em que o cotidiano não pode mais continuar no estilo a que estamos acostumados." (HARVEY, David. O Enigma do Capital e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011, p. 07)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

CAPITALISMO DE ESTADO

"O capitalismo de Estado existe há quase tanto tempo quanto o próprio capitalismo. Os anglo-saxões gostam de pensar neles mesmos como perenes defensores da ortodoxia do livre-mercado contra a heresia europeia e asiática. Na realidade, cada potência em ascensão contou com o Estado para dar início ao crescimento, ou para proteger as indústrias mais frágeis. Mesmo a Grã-Bretanha, berço do livre-comércio, criou uma campeã nacional gigante na forma da Campanhia das Índias Orientais." (Adrian Wooldridge, reportagem especial sobre Capitalismo de Estado, conteúdo de The Economist licenciado para Carta Capital, 15 de fevereiro de 2012).