quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Sobre ação dos cartéis da construção e da informação na crise da Petrobras

“A economia brasileira tem os seus cartéis, dentre os quais os mais importantes são as empresas de construção”, diz o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp. Em entrevista ao Seu Jornal, da TVT, Belluzo afirma que a importância do setor de construção da economia – junto com a Petrobras responde por sete a nove pontos percentuais da taxa de investimentos no país – não exime os empresários do setor de serem punidos com o rigor da lei. “Estou defendendo as empresas, e não os empresários, os que cometeram malfeitos têm de cumprir o que a lei manda.”
Ele vê no entanto, que a crise da Petrobras envolve, além os casos de corrupção – que têm de ser investigados e solucionados para que a empresa se recupere –, questões geopolíticas externas e interesse internos: “Está lá no Congresso o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) clamando pela mudança do modelo de partilha para o modelo de concessão. Concessão é adequado para quando você vai descobrir as reservas de petróleo. Você não pode aplicar isso a reservas já descobertas, seria uma impropriedade. Isso envolve uma questão geopolítica, de interesse, no fundo, de se privatizar ao máximo a exploração do petróleo e tirar do controle da Petrobras”, observa. “Por isso o caso da Petrobras é muito grave. Isso que foi feito é imperdoável, porque fragiliza muito a empresa.”
O economista se solidariza com a presidenta Dilma Rousseff: “É uma das poucas pessoas pelas quais eu ponho a mão no fogo. Eu sei que ela deve estar atormentada e é inacreditável que tentem imputar a ela alguma coisa parecida com corrupção”, diz. E faz uma referência à atuação da imprensa brasileira. “A imprensa brasileira é um cartel. Um cartel da informação, o que é grave para um país que quer avançar na democracia, na melhoria dos padrões de convivência. É preciso diversificar os meios de comunicação e não permitir que o cartel continue operando. E o cartel está operando.” (Belluzzo, entrevista ao Seu Jornal, daTVT, seg, 29/12/2014 )

SIGNIFICADO DE "PARAR DE CRESCER"

Desenvolvimento não deveria simplesmente significar "mais pessoas comprando carros", mas "menos necessidade de usar carros". Não "mais pessoas trabalhando", mas "menos necessidade de trabalhar", principalmente em um país onde a jornada de trabalho ainda são as medievais 44 horas por semana. Ou seja, "parar de crescer" significa descobrir que o verdadeiro desenvolvimento não é algo que você descreve usando uma palavra como "mais", mas sim, em larga medida, "menos". É a partir dessa lógica que o desenvolvimento econômico precisa ser pensado. ( Vladimir Safatle, Parar de Crescer, em Carta Capital, 29 de janeiro de 2014)