quinta-feira, 28 de junho de 2012

A CLASSE MÉDIA SOFRE

"Não se sabe quando teve início nem quando se banalizou. Mas o processo de idiotização da classe trabalhadora está de tal maneira incorporado nas ruas das nossas cidades que, de vez em quando, alguém precisa falar sobre o assunto e lembrar que a coisa está feia. No cinema, as duas principais tragicomédias que conheço sobre a crise – não só da economia, mas de ideias para se encarar a crise – são “O Grande Chefe”, de Lars Von Trier, e “A Era da Inocência”, de Denys Arcand. Dois filmaços sobre como fingir estar tudo certo mesmo quando tudo desmorona, é um prato cheio para quem já se tocou que, diferentemente dos guias de auto-ajuda, ninguém vai mudar nada no mundo pensando positivo, criando métodos de motivação ou repetindo mantras sobre como podemos ser felizes trabalhando cada vez mais por menos. Ou disfarçando nossa vida de vassalo, de quem come lama e agradece, buscando distração com as viagens no fim de ano." (Matheus Pichonelli, Carta Capital, 26/10/2011)

domingo, 24 de junho de 2012

O FLUXO DO CAPITAL

"O capital é o sangue que flui através do corpo político de todas as sociedades que chamamos de capitalistas, espalhando-se, às vezes como um filete e outras vezes como uma inundação, em cada canto e recanto do mundo habitado. É graças a esse fluxo que nós, que vivemos no capitalismo, adquirimos nosso pão de cada dia, assim como nossas casas, carros, telefones celulares, camisas, sapatos e todos os outros bens necessários para garantir nossa vida no dia a dia. A riqueza a partir da qual muitos dos serviços que nos apoiam, entretêm, educam, ressuscitam ou purificam são fornecidos é criada por meio desses fluxos. Ao tributar esse fluxo os Estados aumentaram seu poder, sua força militar e sua capacidade de assegurar um padrão de vida adequado a seus cidadãos. Se interrompemos, retardamos ou, pior, suspendemos o fluxo, deparamo-nos com uma crise do capitalismo em que o cotidiano não pode mais continuar no estilo a que estamos acostumados." (HARVEY, David. O Enigma do Capital e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011, p. 07)