segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

SOBRE OS LIMITES DO MERCADO AUTORREGULADO

"(...) o economicismo sustenta que o jogo das forças econômicas regular-se-ia a si próprio e tenderia automaticamente ao equilíbrio sem que fosse necessário nem possível submetê-lo a um poder moderador (...) É impossível que uma função social exista sem disciplina moral. Porque, de outro modo, não há mais que apetites individuais - que não naturalmente infinitos, insaciáveis - e, se nada regulá-los, não podem regular-se a si próprios. E daí provém, precisamente, a crise que sofrem as sociedades européias. A vida econômica adquiriu, há séculos, um desenvolvimento que nunca tinha alcançado; de função secundária que era, desprezada, abandonada às classes inferiores, passou ao primeiro lugar (...) Uma forma de atividade que passou a ocupar tal lugar no conjunto da sociedade não pode estar desprovida de qualquer regulamentação moral especial, sem que disso resulte uma verdadeira anarquia. As forças que foram desatadas já não sabem qual é seu desenvolvimento normal, dado que nada indica onde devem deter-se (...) É da maior importância, então, que a vida econômica seja regulada, que se moralize para que os conflitos que a perturbam desapereçam e para que os indivíduos deixem de viver no seio de um vazio moral no qual sua própria moralidade individual se debilita." (DURKHEIM apud IAZZETTA, Osvaldo. Liberdade e Regulação em uma Sociedade de Mercado: semelhanças de família em Durkheim e Polanyi. In: LIMONCIC & MARTINHO. Os Intelectuais do Antiliberalismo. RJ: Civilização Brasileira, 2010, pág. 26)

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